Educação como forma de diminuir a desigualdade
A data de 28 de abril como Dia Mundial da Educação foi instituída em 2010, durante o Fórum Mundial de Educação, em Dakar (Senegal), com a presença de líderes de 164 países, incluindo o Brasil. O objetivo era firmar o compromisso de levar a educação básica e secundária a todas as crianças e jovens do mundo até 2030. As nações assinaram o “Marco de ação de Dakar”, que apresenta seis metas a serem alcançadas, entre elas, “assegurar que todas as crianças, com ênfase especial nas meninas e crianças em situações de vulnerabilidade, tivessem acesso à educação primária, obrigatória, gratuita e de boa qualidade até o ano 2015”.
O acesso das mulheres à educação chegou muito depois do que aos homens. Só em 1827, por meio de Lei, as meninas brasileiras tiveram direito aos estudos. Mesmo assim, um estudo direcionado às tarefas de casa, com pouca matemática e ciências. De lá para cá foram décadas de luta para poder estudar e ingressar no mercado de trabalho. E ainda há muito o que caminhar. Sabemos o quanto o acesso à educação não é igual para todos e como esses dois anos de pandemia retrocederam a aprendizagem e afastaram muitas crianças e adolescentes das escolas. Segundo o IBGE, 4,3 milhões de estudantes brasileiros entraram na pandemia sem acesso à internet, o que aumentou o desafio dos profissionais da educação.
Também sabemos como a educação transforma a vida das pessoas e o futuro de todos. Entre as 8 protagonistas do Filme Mulheres Iluminando o Mundo, temos duas professoras: Dra Sônia Guimarães, professora de Física Experimental no ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), a primeira mulher negra a lecionar na Instituição; e Sandra Benites Nhadewa Guarani, antropóloga, professora de Artes e a primeira indígena curadora-ajunta do MASP (Museu de Arte de São Paulo). Acreditamos que é preciso ter acesso ao ensino gratuito e de qualidade, para promover a igualdade de gênero e social. A ONU Mulheres, organização que, ao lado do Pacto Global da ONU, apoia o Projeto Mulheres Iluminando o Mundo, afirma 7 Princípios de Empoderamento das Mulheres, são eles:
- Estabelecer liderança corporativa de alto nível para a igualdade de gênero;
- Tratar todos os homens e mulheres de forma justa no trabalho – respeitar e apoiar os direitos humanos e a não discriminação;
- Garantir a saúde, a segurança e o bem-estar de todos os trabalhadores e trabalhadoras;
- Promover a educação, a formação e o desenvolvimento profissional das mulheres;
- Implementar o desenvolvimento empresarial e as práticas da cadeia de suprimentos e de marketing que empoderem as mulheres;
- Promover a igualdade através de iniciativas e defesa comunitária;
- Mediar e publicar os progressos para alcançar a igualdade de gênero;
Mas as mulheres, mesmo em número maior entre as pessoas com ensino superior completo, enfrentam enorme desigualdade no mercado de trabalho em relação aos homens. Essa disparidade foi comprovada nas Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018. Durante a pandemia a disparidade aumentou e na próxima estatística do IBGE, a desigualdade deve ser ainda maior.
Tomando por base a população a partir de 25 anos de idade, com ensino superior completo em 2016, as mulheres somam 23,5%, e os homens, 20,7%. Quando se comparam os dados com homens e mulheres de cor preta ou parda, os percentuais são bastante inferiores: 7% entre os homens e 10,4% entre mulheres.
A taxa de frequência escolar no ensino médio também tem maior percentual de mulheres (73,5%) que de homens (63,2%). Um dos fatores possíveis é que as meninas, por criação diferenciada de gênero, tornam-se mais disciplinadas e obedientes. Outro fator de gênero que afasta os garotos das escolas a partir do Ensino Médio é que os homens começam a conciliar mais cedo o estudo e o trabalho do que as mulheres.
A pesquisa confirma ainda a desigualdade existente entre mulheres brancas e negras ou pardas. As mulheres brancas alcançam superior completo em proporção duas vezes maior que as pretas ou pardas.
O IBGE reuniu informações de três pesquisas no levantamento: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), partindo da base do Conjunto Mínimo de Indicadores de Gênero (Cmig), proposto pela Organização das Nações Unidas (ONU). Somaram-se a isso dados do Ministério da Saúde, do Congresso Nacional e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira do Ministério da Educação (Inep).