Mulheres Iluminando o Mundo

Dez mulheres que iluminaram o mundo em 2021

São muitas mulheres se destacando em diversas áreas e por toda a parte do mundo, não foi tarefa fácil selecionar apenas 10 delas. Por isso foram escolhidas mulheres que representam muitas outras, em suas atividades ou realizações. Também inspiram, inovam, persistem, vencem adversidades, superam obstáculos. Assim como tantas mulheres no mundo, que com pequenas ou grandes ações tem papel fundamental na comunidade, na cidade, na região e no mundo. Acreditamos que a sociedade será mais justa e democrática quando mulheres e homens tiverem direitos iguais e as mesmas oportunidades. Seguimos dando luz a todas as mulheres, ações, iniciativas públicas ou privadas que promovam a igualdade de gênero. Mais do que 10 mulheres que obtiveram grande êxito e destaque nesse conturbado ano de 2021, são mulheres que , provocaram manifestações, questionaram, informaram, pesquisaram. Seguem 10 mulheres que movimentaram as estruturas, as redes e mostraram que todas as mulheres podem ocupar qualquer espaço e exercer qualquer função.

ANGELA MERKEL – CHANCELER ALEMÃ

Angela Merkel – Chanceler alemã

No dia 22 de novembro de 2005, aos 51 anos, Angela Merkel, doutora em química quântica e formada em física, que cresceu sob o regime comunista da Alemanha Oriental e seguiu uma política de centro direita, tornou-se chanceler da Alemanha. Após 16 anos, despede-se do cargo no final de 2021, sendo a mulher que permaneceu mais tempo no comando de um país. Não é exagero dizer que ditou a política da Alemanha no início do século XXI, sendo também a maior liderança da Europa por mais de uma década. Nesse período enfrentou muitas adversidades: crise financeira mundial em 2008, ameaças da dissolução da União Europeia, imigrantes de vários países indo para Europa em 2015 e a pandemia de covid-19, em 2020.

Angela Merkel, mesmo não sendo uma figura muito carismática, nem populista, conseguiu dar segurança ao povo alemão, com respostas rápidas quando necessárias. Não hesitava em mudar de posição por interesses urgentes e humanitários. Entre os temas polêmicos em que agiu de forma contrária ao seu partido, está o da energia nuclear. Em 2011, após o tsunami no Pacífico e o desastre nuclear em Fukushima, no Japão, Merkel recuou na sua posição e comprometeu-se em eliminar todas as 17 usinas nucleares da Alemanha até 2022. Ainda lançou uma política para mudar o perfil da matriz energética, centrando-se nas energias renováveis, especialmente solar e eólica. Agora o país é exemplo e está sempre batendo recordes no uso de energias renováveis que, em 2020, representou 46% da energia utilizada. Em outra pauta progressista, da união homoafetiva, a chanceler votou contra. Mas, depois da união aprovada, em 2021, Angela Merkel disse que o casamento previsto na Constituição era entre homem e mulher e seguiu o que estava nela, mas a mudança iria promover o respeito entre diferentes opiniões, trazer mais coesão e paz social. Merkel mudava de posição sem se prejudicar.

Em 2015, a Europa se viu diante da mais grave crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial. Com a guerra na Síria e os conflitos no Afeganistão e no Iraque, mais de um milhão de imigrantes e refugiados entraram no continente apenas naquele ano, de acordo com a ONU. Angela Merkel agiu rápido e foi ousada: mudou as regras migratórias e adotou a política de “portas abertas”. Foi o país da Europa que recebeu o maior número de pessoas. Foram quase 500 mil pedidos de asilo em 2015.

Ela deixa o poder com a aprovação recorde de 90%, também resultado de sua conduta durante aa pandemia de covid-19. No dia 18 de março de 2020, em pronunciamento para rede nacional, a chanceler explicou de maneira direta e objetiva, o que estava acontecendo e o que precisava ser feito. Disse que era muito sério e seria o maior desafio do País desde a Segunda Guerra. Com franqueza conseguiu o apoio popular para decretar lockdowns, mesmo com vários ministros sendo contra.

Assim como Angela Merkel, outras líderes mundiais se destacaram no combate ao Covid 19. A primeiro-ministra da Islândia, Katrín Jakobsdóttir, começou rápido a testagem em massa. Com população de 360 mil habitantes, a Islândia proibiu reuniões de 20 pessoas ou mais, no final de janeiro, antes do registro do primeiro caso da doença. Já em Taiwan, que oficialmente faz parte da China, mas na prática é País soberano, a presidente Tsai Ing-wen criou imediatamente um centro de controle de epidemias e tomou medidas para rastrear infecções. Também aumentou a produção de equipamentos de proteção individual (EPI), como máscaras.

Enquanto isso, na Nova Zelândia, a primeira-ministra, Jacinda Ardern, que em 2017 começou seu primeiro mandato, aos 37 anos, e foi reeleita em 2020, impôs restrições duras antes de mortes serem registrar no País. Mas tentou amenizar as preocupações das crianças já que a Páscoa seria interrompida por medidas de bloqueio. Foi à TV dizer que o coelhinho era um “trabalhador essencial” e teria permissão para entregar ovos de chocolate diretamente nas casas.

Jacinda Ardern, a primeira-ministra mais jovem do mundo, inspirou tanto a primeira-ministra norueguesa, Erna Solberg, como sua colega dinamarquesa, Mette Frederiksen, que fizeram pronunciamentos específicos para crianças. O cuidado feminino foi muito importante para que crianças se sentissem acolhidas.

BRITNEY SPEARS – ARTISTA NORTE-AMERICANA

BRITNEY SPEARS - ARTISTA

Britney Spears iniciou a carreira artística nos palcos de tearro, ainda na infância: dançava, cantava e interpretava. Em 1998, aos 17 anos, era sucesso mundial, princesa do pop e milionária. Sua vida pessoal sempre esteve em todas as páginas e sites sensacionalistas.

Casou -se com Kevin Fiderline, um dançarino de sua equipe e teve 2 filhos. Durante a separação ela internou-se numa clínica de reabilitação porque estava bebendo demais. Ao sair, o pai não a deixou ver os filhos e ainda ficou com a guarda. Sempre seguida por paparazzis, foi flagrada num “surto” após raspar os cabelos. Sem dar a menor importância aos transtornos mentais, a imprensa mundial não poupou comentários sobre sua a aparência, sobre seu transtornos e com risadas. A foto, que viralizou em 2007, rendeu meio milhão de dólares ao fotógrafo.

Após esse episódio foi uma sequência de manchetes e shows desastrosos. Após a segunda internação, seu pai, Jamie Spears, solicitou a curatela da filha. Caso que se aplica, geralmente, a idosos com Alzheimer ou demência. Ou emergência, como poderia ser a situação de Britney. Então a imprensa se acalmou e os fãs torceram para que ela se recuperasse e voltasse logo aos palcos.

Acontece que ela ficou 12 (!) anos sem poder ser dona de sua vida. Até o seu advogado de defesa era escolhido pelo pai e pago por ele. Apesar de sua fortuna, recebia a mesada de 1,5 mil por semana. O pai não permitia que ela dirigisse ou casasse. Mas podia trabalhar.

Só a partir de 2012, quando foi jurada fixa num programa de TV, começaram a se perguntar qual o sentido da curatela se ela ganhava milhões todos os anos, gravando e fazendo shows.

Finalmente o movimento #FreeBritney, criado em 2009 pelos fãs, voltou forte 10 anos depois e atingiu a população mundial. Todos pediam a liberdade da artista, que finalmente, após 13 anos, pode tomar uma taça de champanhe, comemorando seus 40 anos.

CHIMAMANDA NGOZI ADICHIE – ESCRITORA NIGERIANA

A escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie já teve seus livros traduzidos em 30 idiomas e, a cada ano, conquista cada vez mais leitores.

Sua mãe foi a primeira mulher a trabalhar na secretaria da Universidade e seu pai, o primeiro professor de Estatística do país. Chimamanda era excelente aluna e cursou 1 ano e meio de medicina.

Aos 19 anos saiu da Nigéria para estudar comunicação nos Estados Unidos. Em 2008, ela foi uma das escolhidas para a MacArthur, a “bolsa dos gênios”, que dá suporte financeiro a nomes proeminentes de diferentes áreas.

Em 2012, Chimamanda fez sua segunda participação no circuito de palestras TED, em Londres, com a emblemática “Todos devemos ser feministas”, que foi adaptada para um ensaio publicado em livro. A cantora Beyoncé usou trechos da “talk” na música “Flawless”, lançada no ano seguinte, o que gerou imensa curiosidade em torno do trabalho de Chimamanda.

O primeiro foi feito para o TED em 2009, “O perigo de uma única história”, já foi assistido em 46 línguas diferentes. Já “Todos devemos ser feministas” virou livro em 2014, com o título “Sejamos todos feministas”. Os dois discursos já somam mais de 7 milhões de visualizações no YouTube.

Em 2021 Chimamanda deu uma entrevista memorável para o programa Roda Viva da TV Cultura e aparece como um dos mais promissores nomes do mundo na literatura e na luta pela igualdade de gênero.

FORMIGA – ATLETA BRASILEIRA

Após 26 anos jogando pela seleção brasileira, a meio campista Formiga, despediu-se em novembro desse ano, no estádio de Manaus, em jogo contra a seleção da Índia. Despede-se da seleção, mas tem contrato com o São Paulo Futebol Clube, time do seu início de carreira, até o final de 2023.

Se ser uma atleta mulher até os anos 1980 era muito difícil, ser jogadora de futebol era impossível, pois o futebol feminino foi proibido no Brasil até 1979. Assim que liberaram a prática esportiva para as garotas, nasceu na Bahia, em 1978, a menina Miraildes Maciel Mota. Seu apelido Formiga veio logo cedo, como referência ao espírito guerreiro e coletivo das formigas. Garota que jogava bola, negra e lésbica, sofreu e enfrentou muitos preconceitos. Aos 15 anos era chamada de “mulher macho” quando começou a jogar no São Paulo Futebol Clube.

Logo vieram as convocações para a seleção, a primeira foi aos 17 anos. E assim Formiga bateu marcas históricas: é a única pessoa, entre homens e mulheres, a ter disputado 7 Copas do Mundo e 7 Jogos Olímpicos. Também é a única a fazer parte de uma seleção por 26 anos, o que possibilitou que passasse por todas as transformações esportivas que o Brasil e o mundo tiveram da década de 1990 até hoje. Antes desprezado, Formiga viu e fez o futebol feminino ser aceito e apreciado na sociedade, ganhou espaço e simpatia num ambiente hostil. Lutou por melhores salários para as mulheres, com profissionalização do esporte. Em sua carreira, Formiga tinha contratos curtos, de 12 meses, o que sempre deixa qualquer atleta inseguro.

A equipe pela qual jogou mais tempo, fora do Brasil, foi do Paris Saint-German, na França, onde atuou por quatro anos. Formiga venceu a Copa da França em 2017 e 2018 e o Campeonato Francês em 2020 e 2021. Ela se manteve em alta performance por 30 anos! Sua primeira disputa de Olimpíadas foi em Atlanta, em 1996, onde o futebol feminino era considerado não profissional. Durante 28 anos, Formiga foi para sete Olimpíadas consecutivas conquistando duas medalhas de prata: em Atenas 2004 e Pequim 2008.

A despedida de Formiga da Seleção Brasileira foi emocionante. Além de todas as homenagens prestadas à atleta, foi  a primeira vez que sua mãe a viu jogar num estádio de futebol.

IZA – ARTISTA BRASILEIRA

Em maio desse ano, a cantora Iza foi tema de um artigo da revista norte-americana Time. A publicação faz parte de uma série sobre os “ícones da nova geração”, realizada pela revista.

O texto destacou o importante papel que a cantora teve na luta contra o racismo, na grande mídia brasileira, sendo eleita mulher do ano pela GQ Brasil. A revista mostra a maneira como Iza usa as suas plataformas, inclusive a música, para conscientizar o seu público sobre como o racismo afeta o cotidiano das pessoas. Filha de mãe professora de música e artes e pai militar, a carioca Isabela Lima, mudou-se para Natal (RN) aos 6 anos, onde sofreu muito racismo na escola particular, em que era uma das poucas crianças negras.

Começou a cantar na paróquia da Igreja aos 14 anos e passou a fazer algumas apresentações. Mas voltou para o Rio de Janeiro aos 18 anos, pois conseguiu bolsa pelo Enem, no curso de Publicidade e Propaganda na Universidade Católica do Rio de Janeiro. Formou-se em 2013 e começou a trabalhar como editora de vídeo. Paralelamente, criou um canal no Youtube, cantando músicas de outros artistas. Em 2016, por meio de seu canal e quando já compunha músicas próprias, foi descoberta pela Warner Music. Seu primeiro álbum, Dona de Mim, foi lançado em 2018 e recebeu uma indicação ao Grammy Latino de Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa. Em 2019, Iza estreou como jurada no The Voice Brasil, programa no qual continua até hoje, fazendo muito sucesso.

MARÍLIA MENDONÇA – ARTISTA BRASILEIRA

Ela, a Rainha da Sofrência, não poderia faltar no nosso TopTen 2021.
Em 2020 o planeta parou e vieram as Lives como entretenimento paliativo. Eis que ela, a cantora Marília Mendonça, aos 25 anos, fez sua Live na sala de casa e foi a mais assistida do mundo. Teve mais de 14 bilhões de cliques no Youtube!

Seguindo sua ascensão meteórica, em 2021, foi a cantora mais ouvida de streaming do Brasil, segundo a plataforma Spotfy, a maior do mundo, mais de 23 milhões de pessoas escutaram Marília Mendonça no País.

Nunca se denominou feminista, mas liderou um espaço dominado por homens: o universo da música sertaneja. Mais do que isso, trouxe mais mulheres para esse movimento, dando luz a todas elas.

Marília foi mesmo um meteoro, que se foi precocemente, num acidente aéreo no último dia 5 de novembro, aos 26 anos.

Deixa um legado musical, milhões de fãs, um filho de 2 anos e uma trajetória que continuará iluminando o Mundo.

NATALIA PASTERNAK – CIENTISTA BRASILEIRA

Natalia Pasternak é formada em Ciências Biológicas, com PhD e pós-doutorado em Microbiologia, ambos os estudos realizados na USP (Universidade de São Paulo). Com o objetivo de popularizar a ciência, em 2018 fundou o Instituto Questão de Ciência, promovendo o pensamento crítico e racional e políticas públicas baseadas em evidências científicas. E sabe usar a mídia em seu favor: é colunista do jornal O Globo, da revista The Skeptic (UK) e do site Medscape. Também atua como comentarista na Rádio CBN e no Jornal da Cultura.

A pesquisadora ganhou ainda mais notoriedade como divulgadora científica nesta pandemia, em que o desafio está bem maior. Natalia Pasternak passou a ser uma voz constante em entrevistas e programas de TV no combate a teorias da conspiração, fake news e movimentos anti-vacina. Tanto que está sendo comparada à cientista do filme recém-lançado “Não Olhe para Cima”, interpretada pela atriz Jennifer Lawrence. Além da personagem ser ruiva (assim como a microbiologista), também se irrita na frente das câmeras, tentando combater o negacionismo da maioria das pessoas diante da tragédia eminente.

Em 2020, tornou-se a primeira pessoa brasileira a integrar o Comitê para Investigação Cética (CSI, na sigla em inglês), instituição que investiga, apura e esclarece alegações que negam ou desafiam a ciência, criada nos Estados Unidos, em 1976 pelo astrônomo com Carl Sagan, entre outros.

Neste mês é a única brasileira a fazer parte da BBC 100 Women, lista com base em nomes sugeridos pelas equipes de idiomas do Serviço Mundial da BBC. Essas 100 mulheres foram manchete ou influenciaram histórias importantes nos últimos 12 meses. Natalia Pasternak foi escolhida pelo seu trabalho incansável no combate à desinformação no Brasil durante a pandemia de Covid-19.

REBECA ANDRADE – ATLETA BRASILEIRA

Rebeca Andrade, 22 anos, fez história nos Jogos Olímpicos de 2020, tornando-se a primeira ginasta brasileira campeã olímpica e a primeira atleta do Brasil a ganhar duas medalhas numa mesma edição das Olimpíadas. Ela foi ouro no salto e prata no individual geral, que reúne todos os aparelhos.

Começou cedo, aos 4 anos, na cidade de Guarulhos (SP), pois uma tia que trabalhava no ginásio, falou que fariam teste para treinamento. Ela foi e passou na peneira, se destacou muito e sua mãe, Rosa, que criava outros 6 filhos, acreditou no potencial de Rebeca e, para o seu desenvolvimento, deixou que morasse na casa da coordenadora, do técnico e depois com outras atletas, a partir dos 9 anos. Não ligou para as críticas e apoiou sua filha.

Se antes Rebeca Andrade era conhecida no mundo do esporte, após seu incrível desempenho em Tóquio, passou a dar muitas entrevistas, ser chamada para programas de TV e ganhou 12 patrocinadores. A ginasta estreou nos Jogos Olímpicos do Rio, aos 17 anos, ficando em 11º lugar. Foi quando ela viu Simone Biles (EUA) fazer história e teve sua inspiração. Representatividade importa!

TXAI SURUÍ – LÍDER INDÍGENA BRASILEIRA

Txai Suruí é uma líder indígena de 24 anos e ativista pelos Direitos Humanos. Ela é coordenadora do Movimento da Juventude Indígena e é Embaixadora da Z1, um programa de embaixadores de uma conta digital para adolescentes.

No dia 1º de agosto deste ano, Txai foi a única brasileira a discursar na abertura oficial da Conferência da Cúpula do Clima (COP26), em Glasgow (Escócia). Convidada em cima da hora para falar a diplomatas de mais de 190 países, Txai citou o assassinato de Ari Uru-Eu-Wau-Wau, seu amigo de infância e guardião indígena, morto em 2020 por proteger a natureza. Desde então passou a ser um nome internacionalmente conhecido por expor, diante do mundo, o avanço das mudanças climáticas na Amazônia e a urgência de contê-las.

Nascida dos Povos Suruí em Rondônia, Walelasoetxeige Suruí (Txai) é filha de Almir Suruí, 47 anos, uma das lideranças indígenas mais conhecidas por sua luta contra o desmatamento na Amazônia.

Txai acabou de formar-se em Direito, mas já trabalha na parte jurídica da Associação de Defesa Etnoambiental (Kanindé), entidade não governamental que defende a causa indígena em Rondônia.

EDICLÉIA SANTOS – LÍDER COMUNITÁRIA BRASILEIRA

O Morro da Conceição, na periferia de Recife (PE), começou um histórico de organização social e política nos anos 1980, foi lá que Edcléia Santos, hoje com 62 anos, começou sua luta por moradia e pelos direitos das mulheres. Ela é co-fundadora e coordenadora do Espaço Mulher, com mais de 30 mulheres negras, diaristas e donas de casa. O grupo foi criado durante reinvindicações por condições de moradia, pois o morro era área de risco.

Edcléia ajudou a fundar o bairro Passarinho, onde mora, e onde construiu sua casa própria e criou seus quatro filhos. O Governo Estadual doou terrenos para 800 famílias, que fundaram o Passarinho, construíram juntos as suas casas e abriram suas ruas. Além dos problemas de infraestrutura também haviam problemas de transporte, as mulheres que trabalhavam como diaristas ou faxineiras, iam juntas de Kombi da periferia para os bairros “nobres”.

Era um grupo grande de mulheres que aproveitava a viagem de ida e volta para falar dos problemas do bairro, necessidades, soluções e problemas pessoais. Dividiam suas angústias, desejos e compartilhavam ideias para melhorar a situação do bairro e condições de trabalho, depois falavam sobre saúde da mulher, métodos contraceptivos e planejamento familiar. Assim surgiu um dos mais importantes movimentos feministas de Pernambuco, batizado de As Kombeiras, em 1999. Edcleia teve a ideia de fazer um projeto, pediu ajuda para escrevê-lo, refez várias vezes e apresentou para o Movimento Moradia um Projeto Para Formação de Mulheres da Comunidade do Passarinho. Foram dois dias dedicado à saúde da mulher, direitos trabalhistas, maternidade e liderança.

Em 2002, mudaram o nome para Espaço Mulher e passaram a ser procuradas por várias Ongs e Movimentos Feministas do Estado de Pernambuco. Muitas ações continuam sendo feitas no Espaço Mulher, como a valorização da beleza negra e a importância da mulher periférica para a sociedade. Edcléia segue iluminando o mundo e chamando mais mulheres para seguirem juntas.

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